A Coreia do Norte exerce um controle rigoroso sobre seus cidadãos que vai além da ideologia política e se estende à aparência pessoal. A “polícia da moda” não oficial do país, composta por membros não remunerados da Liga da Juventude Socialista Kim Il-sung, monitora meticulosamente a adesão a regras não escritas que regem roupas e penteados. Esses fiscais garantem a conformidade e suprimem qualquer indício de influência estrangeira.
As escolhas de roupas femininas são particularmente examinadas. As calças devem ser largas, roupas justas são estritamente proibidas e chapéus de sol são vistos com suspeita. Calças jeans e blusas com letras romanas são totalmente proibidas, e qualquer coisa considerada muito decorativa ou incomum convida à censura. O princípio fundamental é que as roupas não devem parecer “estrangeiras”.
Embora os regulamentos específicos não sejam formalmente codificados, a ambiguidade permite que os fiscais tenham ampla discrição para determinar o que constitui uma violação. Essa incerteza cria um clima de medo e autocensura, à medida que os cidadãos se esforçam para evitar atrair atenção indesejada. A fiscalização varia regionalmente, com diferentes interpretações de “estilos estrangeiros” prevalecendo em diferentes províncias.
Até os penteados estão sujeitos a escrutínio. Em geral, espera-se que as mulheres mantenham estilos elegantes e conservadores, sem volume excessivo. Embora relatos de cortes de cabelo obrigatórios espelhando o estilo do líder Kim Jong-un tenham sido descartados por especialistas, o regime tem um longo histórico de aplicação de regras rigorosas sobre comprimento e estilo de cabelo.
Apesar das restrições, tendências da moda surgem na Coreia do Norte. Cosméticos chineses são populares, e a permanente na parte inferior do cabelo se tornou uma tendência recente entre as mulheres jovens. Enquanto a mídia estatal continua a promover o vinalon, um tecido produzido domesticamente, roupas importadas iluminam as ruas das cidades norte-coreanas. O desejo de autoexpressão persiste, encontrando sutis saídas dentro dos limites dos estilos permitidos.
As ações da polícia da moda refletem os esforços mais amplos do governo norte-coreano para controlar todos os aspectos da vida de seus cidadãos e impedir a infiltração de influências estrangeiras. As restrições à aparência pessoal servem como um lembrete constante do poder do regime e das limitações impostas à expressão individual. Ao ditar o que as pessoas vestem, o governo pretende manter a pureza ideológica e prevenir qualquer ameaça percebida à sua autoridade.